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Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

segunda-feira, setembro 25, 2006

A ARMADILHA E O MITO


Roberto Pompeu de Toledo (*)

Quando se pensa que, pior do que
com Lula, pode ser sem ele, tem-se
o tamanho da arapuca a enredar o país


O Brasil está enredado numa armadilha. Essa armadilha se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Um governo apanhado com a mão na massa* como nesse episódio do dossiê contra seus adversários teria necessariamente seu chefe submetido a processo de impeachment em países onde vigore um mínimo de ordem constitucional e de respeito pela lei penal. Foi o que ocorreu com Richard Nixon nos Estados Unidos. Foi o que ocorreu com Fernando Collor no Brasil. É o que não ocorrerá com Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula tem um invencível escudo a protegê-lo: a popularidade. Não se fazem processos contra presidentes no vazio político. Tanto Collor quanto Nixon só foram destituídos depois que as escoras políticas que os sustentavam, a popularidade em primeiro lugar, desmoronaram. Lula continua contando com ambiente político favorável. Freqüentemente se diz que a oposição errou ao não ter avançado um processo de impeachment lá atrás, no ponto alto do escândalo do mensalão. A oposição não errou. Não se atira com arma de tal calibre contra um presidente que tem a escora do povo, sob pena de fazer um mártir que, fora do governo, teria o poder de infernizar o país mais do que dentro. Eis a armadilha em que o Brasil está enredado: Lula, por ação ou por omissão, pode continuar a cometer seus desmandos, que o país está impedido de puni-lo.

Tem-se atribuído a popularidade de Lula a razões que vão das benesses do Bolsa Família à desinformação da maioria da população. É mais que isso. Lula não é um político. Não é nem mesmo uma pessoa. É um mito. É o retirante nordestino e operário metalúrgico sem um dedo que virou presidente, discursa na ONU e passeia de carruagem com a rainha da Inglaterra. Vá se derrotar um mito! Vá se querer destituir Hércules depois de ele ter cumprido os doze trabalhos! Vá se desafiar Teseu depois de ele ter derrotado o Minotauro!

Os que implicam com ele dizem que Lula deveria ter aproveitado o longo tempo ocioso que teve entre o abandono do torno mecânico e a posse na Presidência para estudar. Santa ingenuidade. Lula sabia que, se assim fizesse, estaria assacando contra o mito. Um Lula com diploma de advogado, falando inglês ou mesmo, mais singelamente, sabendo concordar o sujeito com o verbo, em português, não valeria metade do Lula que fala errado e tem como maior requinte intelectual as metáforas com o futebol. Seria mais um, como Juscelino ou Brizola, que começou de baixo e virou doutor. A construção do mito exigia a distância dos livros e o sacrifício da concordância verbal.

Lula foi igualmente sábio ao desprezar, depois de uma malsucedida candidatura ao governo de São Paulo e uma obscura passagem pela Câmara dos Deputados, qualquer cargo que não fosse a Presidência. A construção do mito também exigia um salto. Tinha de sugerir o movimento, vertiginoso como o de um foguete, irreal como o do sapo que vira príncipe, da condição de retirante à glória da Presidência. Degraus no meio do caminho amorteceriam a surpresa, para não falar no desgaste que os inevitáveis aborrecimentos em cargos menores poderiam trazer.

Mitos também morrem, é verdade. Mas, no caso do mito Lula, não há sinal do mínimo desgaste. Pelo contrário, sua posição nas pesquisas, num quadro de quase permanente estado de crise no governo, indica que está forte como nunca. Há quem especule com a hipótese de vir a querer um terceiro mandato, por meio de uma reforma constitucional que, à Chávez, revogue o limite de dois mandatos consecutivos. Talvez seja exagero. Mas, se tiver paciência para esperar quatro anos fora do poder, quem diz que não ressurgirá, vigoroso, aos 69 anos, na eleição de 2014? E que, vitorioso, parta para a reeleição em 2018, aos 73? O Brasil é culpado pela criação do mito. Não fossem suas mazelas, a começar pela pobreza e pela desigualdade, ele não encontraria terreno propício para prosperar. Agora, vê-se embrulhado na armadilha que o mito continha.

• • •

Suponhamos, contra todas as evidências, que Lula não seja eleitoralmente tão forte. Suponhamos, contra o que indicam as passadas experiências, que desta vez o escândalo o engolfe, e que venha a perder a eleição. Ainda assim, o mito será forte o suficiente para fazer nascer um líder da oposição capaz de empalidecer o desempenho de Carlos Lacerda nesse papel. Imagine-se o que pode aprontar Lula, à frente de sua formidável equipe de sabotadores e caçadores de dossiês, contra o ocupante do Planalto que tiver a audácia de derrotá-lo. Imagine-se seu poder de incendiar o país, uma vez restituído ao posto de maestro da CUT e do MST. Vale a pena ver Lula derrotado? Quando se chega a cogitar que, pior do que com ele, pode ser sem ele no poder, aí se tem a idéia do tamanho da arapuca em que o país está enredado.

* "Massa", por especial cortesia às autoridades e respeito às donzelas, vai em lugar da palavra antigamente chamada de "palavra de Cambronne", hoje mais identificável como "palavra de Paulo Betti".

(*) O autor é titular da coluna ENSAIO, publicada semanalmente na revista VEJA. Artigo escrito originalmente para a edição 1975, de 27/09/2006.

AS FERAS DO GRIOT




Em apenas três anos de atividades, o sonho de um grupo de jovens idealistas da comunidade São Remo (no Bairro do Butantã - SP) já conseguiu se traduzir em significativas vitórias. A luta para levar informação e cultura, além de ajudar na melhora da qualidade de vida dos integrantes da comunidade, conta com o apoio de professores-voluntários, empresas e admiradores anônimos que participaram da campanha de doação de livros, entre outros.
É importante ressaltar, no entanto, que o fator decisivo para o sucesso dos jovens nominados abaixo, foi a garra, a determinação e a tenacidade demonstradas durantes essa jornada que, na verdade, está apenas começando. Por isso, eles e todos os demais integrantes do Griot já podem se considerar vencedores.

LISTA DE APROVADOS EM PROCESSOS SELETIVOS NO BRASIL E NO EXTERIOR:


Adriano (Di)- Graças à bolsa intermediada pela ONG Educafro ele cursa, desde 2004, Educação Física em Cuba

Evermando - Aprovado na Fuvest em 2004 para o curso de História

Gilberto Dias - Aprovado no curso de Física (licenciatura) na Cefet-SP (2007)

Gil Célio - Cursa Matemática (licenciatura) na Unesp (Presidente Prudente-SP)(2007)

Vanessa Kim - Ganhou bolsa do ProUni para o curso de Comunicação Empresarial na Uniban (2007)

Vanderlei Alves (Diei) - Está matriculado no curso de Geografia (licenciatura)na Cefet-SP (2007)

Célio Roberto - Desde 2004 ele cursa Estatística na Unesp

Vanuza - Obteve bolsa para Pedagogia na Universidade FMU, por meio do Pró-Uni, em 2005

Gil Célio e Gilberto Dias (coordenadores) -- Aprovados no vestibular do 2º semestre de 2006 da Fatec-SP

Ronaldo - Aprovado na Faculdade São Camilo no curso de Ciências da Computação, em 2005. Este ano ele obteve uma bolsa do Pró-Uni para o curso de Engenharia de Telecomunicações

Neurilene - Conseguiu, via Pró-Uni, uma bolsa para o curso de Direito na FMU

Maria do Socorro (Mel) - obteve bolsa para o curso de Administração na UNINOVE

Ewerton Aparecido dos Reis Santos - Aprovado na Unesp para o curso de Engenharia Cartográfica e também na Fatec para a cadeira de Comunicação Digital

Fernanda - Aprovada, em 2006, para o curso de Letras na Unesp


Pessoas e instituições que ajudaram e ajudam a fortalecer o trabalho cultural desenvolvido pelo Grupo Griot:

- Funcionários da Editora Três, que gentilmente cederam livros e o computador para o projeto,
- Departamento de circulação da Editora Três, que fornece semanalmente exemplares das revistas DINHEIRO e IstoÉ,
- Integrantes do Rotary Club (núcleo Chácara Flora), que compraram parte dos livros didáticos usados pelos professores,
- Funcionários da KPMG, que fizeram uma gigantesca mobilização para arrecadação de livros didáticos, técnicos e de literatura geral,
- Jornalistas e demais funcionários das Assessorias de Imprensa que aceitaram participar da campanha de doação. São elas: CDI, RP1, CDN, Edelman, Hill & Knowlton,
- Funcionários da Monsanto e da Traffic Marketing Esportivo,
- Sebo do Tom, onde trocamos alguns livros técnicos doados por títulos mais "palatáveis",
- Instituto Criança Cidadã (ICC), núcleo São Remo, que gentilmente cede as salas para as atividades do Grupo Griot: aulas, reuniões e a "BIBLIOTECA",
- Faculdade FAAP e o Laboratório de Engenharia de Materiais da POLI-USP (Wilson da Silva Maia - técnico), pela doação das carteiras escolares,
- Livraria Piazza, pelo livros (novinhos em folha!),

* Aviso importante: Por se tratar de um registro feito nas horas de folga, existe sempre a possibilidade de uma ou outra mensagem conter incorreções. Pedimos a compreensão de todos e nos colocamos à diposição para dirimir dúvidas e efetuar os ajustes necessários. Lembramos ainda que os conceitos e teses expressos nesse blog não refletem, necessariamente, a opinão do Grupo Griot. Eles são de responsabilidade integral do autor(es).